Desde que me atirei a um poço para salvar uma menina em apuros, daí resultando uma fractura no pé e muita porcaria no joelho, houve já muita gente a perguntar-me os detalhes da história.
A minha locomoção é em tudo semelhante à do Mantorras. Não dá para esconder. E se é certo e sabido que amanhã irei continuar a coxear, é igualmente uma certeza que amanhã alguém me vai perguntar por que razão estou assim.
A história, no início, demorava muito tempo a ser contada. Não queria falhar os pormenores, e muito menos tirar a emoção das peripécias inerentes ao «andar jingão». Era coisa para durar 20-30 minutos.
Mas como se isto já não bastasse, tenho que lidar diariamente com ortopedistas, fisiatras, fisioterapeutas, assistentes e estagiários de Fisioterapia, tudo gente interessada em ouvir a história.
E ontem, enquanto levava com um soprador de frio no pé e no joelho, fui de novo confrontado com a (eterna) pergunta "Então como é que isso aconteceu?". E dei por mim a responder "Caí".
"Mas como é que caíu?"
"Escorreguei."
"E onde é que se aleijou?"
"Pé e joelho."
"Mas aleijou-se no pé e no joelho ao mesmo tempo? Como é que fez isso?"
"Caíndo."
Para quem considera que o meu laconismo é rude, devo acrescentar que o jovem das perguntas já me tinha feito estas mesmas interrogações na 6ª feira passada, e que como qualquer bom técnico de saúde, esqueceu-se das respostas.
Tal como o Mantorras, estou quase pronto a poder jogar 5 minutos de futebol de 7 em 7 dias. E dêem-me 2-3 anos, e verão alguém capaz de fazer um sprint de 50 metros.
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