Ainda se lembram como era bom reclinar as cadeiras num voo? Ver um filme? Não ter que pagar por uma refeição a bordo? Bons velhos tempos.
A contenção de
custos não é nenhuma novidade, e actualmente são as companhias aéreas low-cost que mais lucram no mercado das aerotransportadoras. A realidade é que neste
momento são elas que ditam as regras e controlam este sector. Isto leva a situações como as que se seguem.
Em Junho, numa
viagem a Portugal, o voo atrasou-se 2 horas. A fome a bordo era imensa, mas
eles não "podem" servir comida enquanto o avião não descolar. Os passageiros foram aguardando mais ou menos pacientemente, sem nada nos estômagos. Como o embarque tinha sido às 6 AM, não havia nada aberto nessa altura para podermos levar no avião. Trocaram-se olhares naquele voo... olhares canibalescos.
Em Setembro,
repetiu-se a dose. Tanto na partida como no regresso, não me queriam deixar
embarcar com uma mala de bordo e um poster. Informei-os que era apenas papel,
que podia dobrá-lo e colocá-lo na mala de bordo, mas visto que me tinha custado 50€ a imprimi-lo, preferia não ter que o fazer. Num dos casos,
retiraram-me da fila de embarque e quiseram colocar a mala com o portátil no porão, situação que a lógica me impediu de aceitar (ou não fosse mundialmente reconhecido o tratamento delicado que as malas
costumam ter pela Groundforce). Além disso, estava a chover e os passageiros
podiam verificar que na pista, as suas malas permaneciam imóveis à chuva até
serem arrumadas no porão. Um pequeno reparo pessoal: o meu computador não se dá bem com água. Sim, é uma diva. Nestas duas
viagens, tiveram que chamar o supervisor para finalmente dar autorização ao meu
embarque e aceitar o poster tal como estava. Não esquecer que os passageiros também eles aguardavam o embarque no
Terminal 1, em pé, durante horas. Os mais idosos reclamaram por cadeiras,
bancos, puffs... qualquer coisa. Foi embaraçoso ver tanto reformado a
sentar-se no chão. E quando finalmente se levantaram (tanto osso a estalar), tiveram que esperar mais duas horas no avião (e tal como anteriormente, nenhuma comida poderia ser servida nessa altura).
Então aqui vai um
conselho para todos vocês que viajam na Easyjet: se o vosso voo se atrasar, e
se vocês perderem estadias, transporte, conferências, etc devido a esse atraso,
podem crer que a Easyjet não se irá responsabilizar por nada. Partilho convosco
a minha experiência.
No dia 30 de
Setembro viajei de Lisboa para Londres. O voo deveria partir às 10h45, mas só
às 13h05 é que o avião descolou. Deveríamos aterrar às 13h25, mas só chegámos
às 15h45. Por causa deste atraso de 2h20, perdi o autocarro que passa de 2-2h
em Luton, e desse modo não pude ir trabalhar nesse dia (só cheguei a casa às
20h). Tive que comprar novo bilhete de autocarro, e achei justo pedir reembolso
por isso. Desloquei-me ao balcão da Easyjet, disseram que tinha de ligar para o
Serviço de Apoio ao Cliente. Assim o fiz. De lá disseram-me que não tinham
detalhes suficientes sobre o voo que os permitisse analisar a situação,
portanto questionaram-me sobre a possibilidade de voltar a ligar mais tarde,
noutro dia. Assim o fiz.
E o que descobri
nessa chamada? Que apesar de no balcão da Easyjet em Luton haver uma declaração
onde se pode ler que os passageiros têm direito a reembolsos se os atrasos
ultrapassarem as 2h, tal não é bem assim. O meu avião atrasou-se
mais de 2h, e pelo telefone descobri que afinal o reembolso só ocorre se se
passarem mais de 3h. E não é tudo. Mesmo que passem mais de 3h, se esse atraso
for por "dificuldades técnicas" ou para "salvaguardar a segurança dos
passageiros", então não há direito a qualquer reembolso, independentemente do
tempo de atraso. Ou seja, não é preciso ter um Q.I. de 240 para perceber que todos os atrasos na Easyjet são e serão sempre por
dificuldades técnicas ou para evitar arriscarem a vida dos passageiros.
Outra dica: uma
indiana a falar inglês ao telefone já é complicado de entender, uma indiana
antipática e stressada a falar inglês ao telefone é uma montanha russa de
emoções. Crítica construtiva para a Easyjet em duas palavras: tradução simultânea.
ACTUALIZAÇÃO: infelizmente as minhas viagens de trabalho (na Europa) têm que ser feitas pela Easyjet, pois não sou eu que as marco. O que levou a que tivesse de viajar novamente com eles em Maio de 2014. E para não fugir à regra, houve mais uma situação interessante: o funcionário da Easyjet não reconheceu o meu Cartão de Cidadão quando fiz o boarding, e disse que não o podia aceitar pois não era um "Identity card" (era um "citizen's card"). Veio o supervisor dele autorizar, e com isto perdemos mais uns quantos minutos a servir de chacota para os outros passageiros...
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