O relógio na carruagem marcava 7:26 AM. Na estação Beurs, entra um indivíduo, de meia-idade (entre os 40-50), barba rala, óculos fundo-de-garrafa, boné dos New York Yankees. Calçava ténis brancos (sujos), jeans, e vestia um kispo azul escuro. Dentro desse kispo, mais precisamente na manga esquerda, encontrava-se uma garrafa de vodka, por abrir. Em cerca de 15 minutos de viagem, 3/4 da garrafa foram degustados. Saiu em Zuidplein. Julgo que já estava atrasado para o trabalho, que suponho ser controlador de tráfego aéreo ("one can only hope"...).
Pela tardinha, o Metro em Roterdão está sempre apinhado de gente. De todos os géneros e feitios.
O relógio na carruagem marcaria entre as 17:30 e as 18 (não estava bem a tomar atenção). Abrem-se as portas da carruagem na estação Capelsebrug, entra uma senhora que estava deitada numa cama motorizada (em tudo semelhante às cadeiras de rodas eléctricas, só que esta tinha um colchão e lençóis). Tinha um tubo no nariz, o cabelo desgrenhado, e vestia uma camisa-de-noite rosa, com uma gola branca. Com o auxílio de um joystick, e após 3-4 minutos de manobras dignas do Sébastien Loeb, conseguiu posicionar a cama na carruagem. As muitas pessoas que impavidamente assistiam, mais aglomeradas ficaram. Saiu na estação seguinte, com o mesmo aparato.
Pela noite, o Metro em Roterdão está quase sempre às moscas. Habronema muscae e Drosophila spp.
O meu relógio biológico marcava 21:37, e aguardava o Metro em Coolhaven. Enquanto falava ao telemóvel, é notório que na carruagem onde entro só se encontrava um indivíduo sentado, e as restantes pessoas mantinham-se na outra extremidade da carruagem. De cabelo encarapinhado, tez escurecida, 30 e poucos anos, casaco de cabedal escuro, este sujeito segurava na mão esquerda um papel metalizado, e na direita um isqueiro aceso. Mantinha firme, nos lábios, um tubo metálico que usava para aspirar o conteúdo do papel metalizado para o aparelho respiratório. Durante a minha célere deslocação até à outra extremidade da carruagem, pareceu-me ouvir da boca de dois imberbes holandeses, que se tratava de cocaína. Vinte minutos depois, em Kralingse Zoom, dois homens da RET - Transportes Públicos de Roterdão - acompanharam-no (passivamente.. ou quase) até à saída da estação.
Andar de carro em Roterdão é desculpa de tenrinho.
Por mim, desde que não haja peditório e/ou música cigana/lestina (ao vivo e a cores) na carruagem, não há motivo para queixas.
1 comentário:
Aprende-se muito sobre um sítio a andar de metro. Aquilo que o gajo fumava era Crack (a julgar pelos filmes que se vêem na TV). A mulher da cama não se safava na Rotunda.
Abraço. Já sei que a mana foi visitar. E como está a vida Social. Ó seu granda panasca - que raio de post é aquele? queremos detalhes porno
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