quarta-feira, maio 18, 2005

FALAR EM PÚBLICO - CRÓNICA DE UM DESASTRE ANUNCIADO

Fui ontem confrontado com a triste realidade de discursar numa cerimónia, à qual eu presidia. Perante a (forte) possibilidade de não me lembrar de dizer coisa alguma de jeito, até porque tenho uma memória já muito desgastada (por diversos motivos que achei por bem não referir nese "post"), escrevi um pequeno rascunho com alguns "gags" à mistura, na eventualidade de ficar espontaneamente calado, de olhos esbugalhados, a perguntar-me "o que estou a fazer aqui?", "quem é esta gente toda?", "porque estou assim vestido?", ou até "o que é que estou a fazer aqui no meio desta gente toda vestido desta maneira?". Assim fiz, e levei-o comigo para o púlpito. O discurso correu bem. A "punch line" resultou, e caminhei para o meu lugar satisfeito com a minha decisão de me ter precavido. Para minha satisfação, posso afirmar sem qualquer margem de subjectividade, que o meu discurso foi de facto o melhor dessa noite. Talvez o melhor de todas as cerimónias alguma vez realizadas onde alguém teve de discursar.
Fui o primeiro a discursar numa noite onde discursaram mais 5 pessoas. E todas começaram com a frase "Eu não tenho nenhum discurso preparado...", o que por si só já irrita, porque se trata de uma dupla negação. Mas parece-me que estas pessoas acham louvável que se afirme esta irresponsabilidade. E o público também parece apreciar esta atitude! O que eles deveriam ter dito era "Eu tenho consciência da importância desta cerimónia, sei da sua existência há já umas semanas, no entanto optei por não despender 5 minutos da minha vida a pensar nisso". Aí sim, eu batia palmas.
Para quem pensa iniciar a sua vida neste tipo de actividade, aqui vai a minha ideia de uma boa prestação em público:
  1. prepare o seu discurso semanas antes da cerimónia;
  2. faça-lhe algumas alterações e inclua umas piadas até o "dia D";
  3. memorize-o religiosamente;
  4. deite-lhe fogo;
  5. apareça perante a multidão com a seguinte frase: "Eu tinha um discurso preparado... mas vendo este calor humano, vou-vos falar directamente do coração!";
  6. debite agora o seu discurso;
  7. agradeça enquanto lhe atiram rosas e peças de roupa interior.

2 comentários:

Anónimo disse...

vou pensar nisso...

Mike disse...

A tocares no coracao da malta és o melhor!
Sempre soubeste lidar com a populaca!