segunda-feira, janeiro 31, 2005

Na edição nº211 da revista Grande Reportagem, o jornalista Ricardo Santos elabora uma cuidadosa previsão sobre o que aconteceria caso ocorresse um sismo de magnitude 8,75 na escala de Richter (semelhante ao terramoto de 1755), a 160 km da costa portuguesa.
Um texto que realça a falta de meios que previnam, alertem e respondam rápida e eficazmente perante uma catástrofe desta dimensão. O autor vai mais longe, e resolve projectar o desastre ao pormenor: o sismo ocorreria pelas 9h40, com epicentro no mar, junto à costa portuguesa, e a movimentação de placas na falha do Marquês de Pombal originaria um tsunami; às 10h10 a primeira onda gigante chegaria a Lisboa (sendo que 15 minutos antes teria sido a vez do Algarve e da costa alentejana serem atingidos pelo tsunami); às 10h15 a zona ribeirinha de Lisboa é devastada pela força das águas, que arrastam consigo barcos, carros e detritos. Ora, até aqui tudo bem. O pior chega na previsão das 10h30: a Avenida Almirante Reis é um dos pontos críticos da destruição provocada pelo sismo. Das centenas (se não mesmo dezenas!) de ruas e avenidas da capital portuguesa à escolha, o repórter elegeu a que fica a 50 metros da minha casa! E continua, dizendo "em grande parte destruída, a Avenida Almirante Reis é agora um imenso amontoado de destroços. Do Martim Moniz à Praça do Areeiro, o cenário é aquele a que se está habituado quando se vêem imagens televisivas do Irão, da Turquia ou da Indonésia em situações semelhantes." Eu não me alarmei, até porque isto me parece, claramente, mais um típico caso de especulação imobiliária. No entanto gostava de mencionar que o Banco de Portugal fica nesta zona, bem como a Caixa Geral de Depósitos, a Igreja Universal do Reino de Deus, entre outras instituições que darão destroços ditos valiosos. Não me admirava portanto que, após o desastre, houvesse uma aglomeração de pessoas nesta área. Mas todos os finais felizes têm um senão, e este é em muito semelhante aos Jogos Sem Fronteiras: é que a onda gigante irá também atingir a Rua do Benformoso (na malfadada zona do Intendente), espalhando assim seringas e afins pela região, tornando a procura de bens valiosos (nos destroços, entenda-se) uma aventura (a Isabel Alçada e a Ana Maria Magalhães já concordaram chamar-lhe "Uma Aventura... seropositiva").

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