sexta-feira, agosto 13, 2004

ESSA TRISTE SINA, SER AFEGÃO...


Quando a cerimónia dos Jogos Olímpicos começa, o primeiro país a desfilar é inevitavelmente o Afeganistão. O porta-estandarte afegão combina esta função juntamente com a de ser o único atleta do país com mínimos olímpicos. Por isso, o Osama (chamemos-lhe assim) vai felicíssimo a andar pelo tartan, bandeira em riste, com algum receio (mas não muito) de apanhar com um tiro de bazuca no focinho. Dá a volta ao estádio, vai para onde lhe mandam, e ali fica à espera que as outras delegações entrem todas. 4 horas depois, começa o fogo de artifício e a cantoria. Uns bons 90 minutos de um mega-espectáculo de luz e cor. Acaba a festa, começam os atletas a sair. O Osama ficou retido pelo resto do maralhal, porque tinha sido o primeiro a entrar. Finalmente sai, passados 30 minutos. Chega meio abananado ao quarto do hotel, ainda com bolhas na mão de segurar na bandeira, e descobre que compete dali a meia hora. O homem não aguenta. Perde, miseravelmente. É a vergonha do seu país.
Chega à terra dele. Os compatriotas olham-no de lado. Começa a suspeitar que não vai resistir muito mais tempo naquela aldeola de cabras. Foge para as montanhas, onde faz uma operação. Transforma-se.

Por vezes, de noite, Osama (agora Joanna) sonha em poder participar noutra edição dos Jogos Olímpicos, desta vez pelo Zimbabwe.

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