terça-feira, março 13, 2012

16 vs 18


António Fiúza é presidente de um clube de futebol, o Gil Vicente. É também um fervoroso defensor do alargamento da nossa Liga de futebol a 18 clubes, mais dois que actualmente. Esta decisão de alargar a I Liga de 16 para 18 equipas, agora (a 8 jornadas do fim), sem haver descidas de divisão, causou mais uma guerra no nosso futebol. Oportuna por sinal, visto ser exactamente o que nós precisamos nesta altura (vésperas de Campeonato Europeu, término do campeonato e competições europeias).
A minha opinião pouco interessa aqui, mas vou dá-la na mesma. Acho este alargamento estúpido. Julgo que o nosso campeonato funciona melhor com menos equipas, e que somos mais competitivos nas competições europeias por causa disso. Prova disso são os resultados que constantemente temos alcançado nestas provas nos últimos anos.

Irão haver mais equipas ditas “pequenas” no campeonato, menos competitividade, mais estádios vazios e sem condições, mais treinadores a serem demitidos antes do meio do campeonato, mais equipas sem objectivos e, numa altura de contenção de custos, não faz sentido os clubes necessitarem de mais jogadores no plantel para suportarem mais jogos. Incrível é ter igualmente passado uma decisão que permite que hajam clubes com salários em atraso a poderem subir à I Liga, mas enfim.
Claro que esta decisão da Liga de Clubes do alargamento sem descidas de divisão esbarra num pormenor técnico: é ilegal. O Art.º 3 A do Regulamento Geral da Liga de Clubes diz que “as alterações das regras das competições só devem entrar em vigor na época seguinte, a não ser que sejam tomadas por unanimidade”. Foi quase o que se passou, não tivesse ficado a votação 23 contra 21 (com 4 abstenções). E este alargamento depende ainda do acordo com a F.P.F. e do C.N.D., podendo até chegar aos tribunais administrativos. Julgo que o bom-senso imperará, para bem de todos os que gostam de futebol.

Muito ainda se poderia dizer sobre este caso. Sobre o total egoísmo de alguns clubes acerca desta decisão; sobre o (parco) currículo de Mário Figueiredo, Presidente da Liga de Clubes que levou a cabo esta empreitada; sobre os poucos clubes que realmente se manifestaram contra esta aberração. Contudo queria ressalvar algumas pérolas desse senhor que mencionei no 1º parágrafo.

Os clubes descem e são repescados na época seguinte. Onde está a ilegalidade?

Se o alargamento não passar, os clubes que o aprovaram estão dispostos a fazer greve aos jogos. Vamos até às últimas consequências e paramos o campeonato!

O futebol português mudou e ou os três grandes se juntam a nós, ou vão jogar para Marrocos.

Sr. António Fiúza, a pergunta que aqui se coloca é a seguinte: quando é que a nave-mãe regressa para o vir buscar?

UPDATE: Obviamente, a F.P.F. rejeitou, por unanimidade, este alargamento.

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