quarta-feira, março 23, 2011

Vamos a votos!

Toca a marchar!


É bem provável que tenhamos um novo primeiro-ministro já este Verão. Até lá os portugueses perguntam-se
"E agora? Vou reclamar com quem?"


Não é surpresa. Chegou-se a um estado em que o sentimento geral do país é “Isto está muito mal. Vamos mudar!”. A Comissão Europeia exige medidas (muito apertadas) de contenção orçamental, medidas essas que Portugal se comprometeu a cumprir, por isso o próximo primeiro-ministro irá obrigatoriamente ter que incluí-las no seu programa de Governo, e conseguir fazer passá-las na Assembleia. E neste aspecto, o país não irá mudar. Se houver coerência por parte dos demais partidos, serão novamente reprovadas.


Estas medidas, como se pôde verificar noutros países da EU, são um teste aos cidadãos por privilegiarem factores económicos e não sociais. Os partidos com assento parlamentar sabem disto. O PCP e o BE, comummente ligados às causas do povo, não me parecem ter linhas de orientação governamental que salvaguardem a saúde financeira do nosso país. O CDS/PP apresentará as suas propostas, mas está claramente à espera de ser "muleta" num governo do PSD. E neste cenário, preocupa-me que o PSD aborde esta crise com linhas tão generalistas. Lendo as ideias de Passos Coelho na Visão, arrisco-me a dizer que qualquer pessoa pode ter um projecto de Governo. Querem ver?


Eu, Zé Tolas, serei Primeiro-Ministro porque irei reduzir os custos do Estado, estimular a economia pela proliferação de PME’s, pela criação de milhares de postos de trabalho e diminuição (desse flagelo que é) o desemprego nos jovens recém-licenciados, irei fomentar o investimento externo, reduzir a dependência nacional no petróleo estrangeiro…


A pergunta é: E COMO É QUE VAIS FAZER ISSO, PÁ? Em termos concretos! Quero saber. Haverá mesmo alguém que ainda não consiga identificar os problemas? Não teremos todos nós uma boa ideia do que é preciso ser feito? E então a questão mantém-se: como?!


Nesse aspecto, espero seriamente que o principal partido da oposição (e provável futuro governo) se chegue à frente com medidas mais específicas do que aquelas que o seu líder apresenta. Por esta altura, já ficava satisfeito se ele propusesse estimular a economia nacional pelo investimento semanal no Euromilhões.


A solução menos má, como muitos defendem, parece ser a criação de um bloco central, garantindo a estabilidade que só é alcançada quando há um governo de maioria absoluta. Neste intuito, é exigida a saída de cena do Eng.º de fim-de-semana, que não irá (certamente) aceitar ser co-piloto nesta aventura. Se por algum imprevisto da Natureza o Zé Socras voltar a ser PM, por mais legítima que seja a sua posição para governar (já o é), a contestação vai voltar – os tugas têm mau perder – e por isso, fora com ele!


Eu é que sou o xerife!


Há outro problema. Não é fácil convencer alguém a pegar no país no estado em que está. Ou seja, os portugueses de sucesso, os mais competentes e mais capazes, estão todos a trabalhar (e a ganhar bom dinheiro) nos sítios onde estão. São essas pessoas que queremos à frente do nosso país. Como convencê-los a largar tudo, a ganhar (muito) menos e a trabalhar (muito) mais, desgastando a sua imagem perante os portugueses enquanto são sujeitos a um escrutínio constante durante 5 anos? Desígnio nacional? Patriotismo? Ou pagamos-lhes balúrdios só para, daqui a alguns anos, estarmos todos a criticar o salário deles neste estado de crise? E com que legitimidade poderão criticar os mais de 5 milhões (!!!) de portugueses que, em Janeiro, optaram por não exercer o seu direito cívico? Ou será que só somos bons a dizer mal, e depois os outros que resolvam?


Não estou optimista.
O Governo vai mudar. Portugal não.


Só vejo uma forma de dar volta a isto.
O Benfica tem que ser campeão.

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