sábado, janeiro 19, 2008

Perguntar não ofende

A pergunta está feita.
Sente-se que não foi colocada por curiosidade.
Depois de ter levantado a questão, a mesma pessoa que a fez (com um ar de indignação) conclui:
Perguntar não ofende!

Já vos aconteceu?
Ainda bem.

Eis então algumas formas de (não) ofender, sempre num tom interrogativo.

A maneira mais óbvia é também a mais simples. Rearranjar as palavras de forma a que a afirmação passe a interrogação.
  • "E se te fosses N*r~M seu grandessíssimo M!N,õ}?"


  • Simples. Eficaz.
    E ainda mais fácil se torna se não houver qualquer rearranjo na sintaxe da oração. Pensa-se num insulto qualquer, o mais básico. Depois requer-se confirmação.
  • "Tu és uma besta, não és?"


  • Outra hipótese é revelar que suspeita de qualquer coisa, começando as questões com um "É impressão minha", ou "Eu não tenho a certeza".
  • "É impressão minha, ou vieste vestido para atacar na Conde Redondo?"
  • "Eu não tenho a certeza, mas és parente do Homem-Elefante do Rossio?"


  • Para quem não se quer esforçar, há sempre as clássicas...
  • "O médico deixou-te cair à nascença?"
  • "Onde é que andavas quando Deus distribuiu a inteligência?"


  • O insulto mais básico também pode ser colocado sob a forma de interrogação, sem que seja necessário incluí-lo de forma evidente.
  • (coçando a zona genital) "Olha lá.. porque é que a tua mãe começou a cobrar menos este ano?"


  • Ofender assim também pode ser uma arte, quando não se faz qualquer referência à pessoa em causa (convém não ser muito rebuscado, porque o objectivo final é que se apercebam que foram ofendidos).
  • "O buço não costuma ser uma característica masculina?"
  • "Ainda estamos no Carnaval?"


  • E a melhor forma de não ofender a perguntar é, de uma forma gentil, questionar se precisam de alguma coisa.
  • "Queres uma pastilha?" (repetir a mesma pergunta 3-3 minutos)
  • "Preferes que fale mais devagar?"


  • Queria terminar esta pequena lição, ressalvando que há sempre oportunidade de responder. Porque ao fim ao cabo, perguntou-se qualquer coisa.


    Exemplo
    Local: discoteca
    Situação: alguém do grupo diz-te que há uma rapariga que te quer conhecer; ele trata de a apresentar; ela olha-te nos olhos (vê-se que te quer perguntar alguma coisa)
    Pergunta que não ofende: "Olha, não te quero ofender, mas és gay?" (sorri)


    Não é facil responder a estas pessoas, e de uma maneira que seja proporcional ao que te disseram. É que em fracções de segundo, tens de ter em conta o ambiente e local onde estás, as pessoas que te rodeiam, o impacto que teve em ti (etc etc) e decidir:

    Devo ofender de volta?
    Deverei demonstrar que (realmente) nem fiquei assim tão afectado?
    Respondo fisicamente?

    Enfim.. ofender não devia dar tanto trabalho. Mas tenho uma teoria, da qual estou plenamente convicto. É que se perguntar não ofende, responder também não mata!..
    ..a não ser que tenhas licença de porte de arma.


    NOTA: a conclusão do exemplo foi a que se seguiu:
    — Olha, não te quero ofender, mas és gay?
    — Para ti, sou.

    3 comentários:

    sara disse...

    ficaste ofendido? :)

    Anónimo disse...

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    Anónimo disse...

    Nunca mais escreveste...