sexta-feira, janeiro 11, 2008

As duas do costume

Frequentemente me deparo com uma indecisão que considero ser a Mãe de todas elas. Envolve duas alternativas: aproveitar agora, ou aguardar e tirar proveito mais tarde?

Hmmm...


Alternativas que surgem também nas indecisões mais simples, como o último After Eight numa embalagem. «Apetecia-me mesmo um After Eight, mas já comi quinze antes da hora de almoço. Será que devo guardá-lo para mais tarde?.. Sim, espero mais 2 minutos.»

Bom, o objectivo não era minimizar a questão. A ideia é saber como agir nestas encruzilhadas da vida (nas mais complexas, não nas que envolvem chocolates de menta.. deliciosos.. que se derretem na boca... pronto!, já se acabaram).

Qualquer uma das concepções tem as suas vantagens e desvantagens.
Por um lado, não sei como vai ser o dia de amanhã. Se vou ser atropelado, se cai um pedaço da Estação Espacial no meu WC enquanto faço as palavras cruzadas, etc. Por isso, tenho que aproveitar cada dia que me é dado, como se fosse o último. Muito Carpe Diem.
Por outro lado, se não me contiver e poupar nos excessos, posso ficar "descalço" no futuro. Novas oportunidades poderão aparecer se esperar mais um pouco, ou melhores alternativas surgirão se não agir tão repentinamente.
Irreflectido ou instintivo? Inacção ou ponderação?

Esta dualidade não se resume ao que possuimos (ou queremos possuir), mas à maneira como enfrentamos as "bifurcações" que o Destino nos coloca à frente. Dou outro exemplo: tomar a decisão de ir morar com alguém com quem estamos envolvidos romanticamente, na casa dela/e! Novo bairro, nova vizinhança, novos hábitos, novas responsabilidades, nova vida! Deveremos nós embarcar na aventura do momento, enquanto há paixão, e dar um passo decisivo no "avançar" da relação? Ou devemos nós ponderar a questão em causa, ver que o passo pode ser maior que a perna e a coisa até pode dar para o torto, e depois ficamos apeados no meio da rua sem sítio para dormir? E sem After Eights?

Para mim, qualquer uma destas linhas de pensamento não deverá servir como filosofia de vida, ou como orientação. Não sou apologista nem do Carpe Diem, nem do "Espera, analisa e reflecte". Nem estroina a 100%, nem regrado 24h/dia. Vejo cada situação pelo que é. Ou assim tento.

Deveria haver um Manual para estas coisas. Para as encruzilhadas importantes da vida. Para saber quando se deve parar de viver a vida ao máximo, e ponderar sobre o próximo passo. Para saber se se deve aproveitar o momento agora, ou aguardar para o usufruir em melhores condições. Ou para tornar claras as oportunidades que se perdem se esperarmos para pensar melhor nelas.

Enfim, introspecções que (desconfio poder afirmar com toda a confiança) não levam a lado nenhum. Agora, com licença, vou só ali e já venho...


É um chocolate amaricado, mas que sabe bem, sabe!

2 comentários:

O noivo Titus disse...

Tanto para dizer, tantas ideias para trocar, coisas bonitas para partilhar, etc, etc, ou como diria Seinfeld, yada yada...

Mas vou ser quase sucinto e vou só falar sobre 2 coisas.

1 - Quanto à questão de sair de casa e ir viver com o(a) namorado(a), acho que, antes de se comprar uma casa em conjunto, a melhor solução passa por alugar uma casa nos primeiros meses/anos e só depois avançar com uma compra partilhada, para ter a certeza que a relação vai consolidar, que o parceiro não é um badalhoco, que não urina a tampa da sanita, não se peida violentamente debaixo dos lençois, etc, etc.
Sei que muitas vezes já passámos férias com os parceiros e achamos que já sabemos como são as coisas. Mas o dia-a-dia, o chegar a casa cansado do trabalho, o cozinhar e lavar os pratos, limpar a WC, etc, etc. Acho que é melhor, passar primeiro por um tubo de ensaio (casa de aluguer) e só depois avançar para um bonito T3, com escritório e arrecadação.
Eu vejo as dificuldades que é repartir as coisas de uma casa de aluguer, nem quero imaginar o que seria além de dividir a mobília, vender a casa, documentos mil, etc.

2 - Quanto aos chocolatinhos, também tenho sempre uma grande dúvida. Vamos imaginar que há uma caixa de chocolates sortidos, ou seja, só há um ou dois da mesma espécie. Se houver algum tipo que é nosso preferido, como agir? Comer o mais depressa possível para aproveitar ao máximo? Comer um por dia para todos os dias ter um bocadinho de gozo? Comer um por dia e correr o risco de outra pessoa chegue lá e coma o chocolate guardado para terça feira? Se tivermos convidados, oferecer os bons mesmo que eles não compreendam como aquele chocolate recheado de bolacha e caramelo é tão importante para nós? Arranjar uma namorada que seja um avião, em que o sexo é tão bom que nem vale a pena sair da cama e os chocolates são a última coisa que nos passa pela cabeça?
Voto nesta última.

Caro Lopes, porque andam a passar estas coisas pela tua cabecinha doente? Sei que temos um amigo que se vai juntar com a sua dama, mas é por ele que andas a pensar nisso ou recebeste algum convite para partilhar um lar? Quero saber tudo!!

O que faz "mai" logo?

sara disse...

Caríssimo, já o poeta sentia o mesmo:

"O tédio das horas incertas
Pesa no meu coração
Paro ante as portas abertas
Sem escolha nem decisão"
(F. Pessoa)

beijinhos e bom ano!