sábado, janeiro 27, 2007

Estou aqui num berbicacho...

De vez em quando dou por mim no Tuareg.

Porquê?

Perguntam bem. Tenho amigos elitistas, colocados nas mais altas esferas da nobreza socialite, e que após cuidada leitura das revistas da especialidade, sugerem passar os serões neste bar exótico. E eu confio plenamente no seu bom gosto.


Mini Tendas, tipo Rali Dakar


Para quem não sabe, trata-se de um "caffé bar (...) onde se junta a inspiração da paisagem marroquina e os cheiros típicos e decoração local com o conceito de bar europeu". Ora, quanto a vocês não sei, mas quando me perguntam o que fazer numa sexta à noite, eu respondo sempre "vamos a um sítio onde me possa familiarizar com os cheiros típicos de Marrocos!".

Se gostas de música berbere, chicha de maçã (tabaco marroquino), Fashion TV nos écrans, mesas a 40 cm do chão, dança do ventre (suponho que seja dança do ventre) e consumo mínimo de 4€, não vás mais longe: este é o teu spot!

Mas falemos da dança do ventre. Por detrás das cortinas sai ocasionalmente uma bailarina, meio vestida meio despida, que se faz passear por entre as mesas, dançando ao som de música tradicional marroquina. A parte interessante acaba por ser quando ela está mesmo à nossa beira, fitando-nos de frente. À distância a que se encontra, é impossível desviar o olhar. O que fazer então?

Após cuidada observação, a reacção masculina divide-se em 2 categorias: evitar o contacto visual, ou encarar a cachopa!


Dança-me a Marraquexa!



O que evita o contacto visual: ri-se, vira-se para o resto do pessoal da mesa e faz piadas fáceis, acena com a cabeça enquanto desvia o olhar, fuma um pouco de chicha (ou bebe o que estiver na mesa), vai ao wc, dança sentado e/ou bate palmas, pega no telemóvel e envia sms's, beija a namorada ou (a minha preferida) levanta-se e sai!

O que encara a dançarina divide-se em duas sub-categorias: o que a fita nos olhos (como se ela estivesse a dançar só para ele, e não houvesse mais ninguém naquele bar), e o que prefere olhar para o resto do corpo da moça, seja para avaliar a dança, seja para avaliar o estado das carnes. Independentemente do olhar que deita, dá sempre ar de rebarbado.

E perguntam vocês: então e tu, pá?

Eu tive a oportunidade de fazer um pouco de tudo. À primeira dança da noite, reagi a medo, visto que a dançarina exótica vinha vestida de sevilhana (?), e sempre que rodopiava a saia levantava uma correnteza de ar, que era desagradável, principalmente com o tempo que tem estado ultimamente, e eu já não estou a ir para novo e os meus ossos já não são como eram antigamente. Como ela não parava de dançar à minha beira, tive que recorrer à reacção do "gajo que se esquiva ao olhar da señorita", usando toda uma panóplia de piadas fáceis e dando-lhe forte na chicha (de maçã).

À segunda dança da noite, ahá!, já eu estava preparado. Surgiu agora mais despida, tinha tirado o totiço do cabelo (fazia lembrar a Maria Bethânia... uuuuh, sexy!), e pôs-se novamente a bambolear perto da nossa mesa, fitando-me nos olhos. Aqui o marmanjo rebarbado semicerrou o olhar (à Clint Eastwood), arqueou o canto dos lábios num sorriso à manganão, e só não puxei de uma nota de 20 porque não tinha.

E porque era capaz de acabar a noite no centro de Saúde.

Em suma, se gostam deste tipo de ambiente, de iguarias marroquinas servidas enquanto desfrutam música exótica, não pensem duas vezes: rumem ao Tuareg!

Se só estão numa de ver uma mulher com pouca roupa a dançar à vossa frente... Rapaziada: há tantos sítios onde o podem ver fazer melhor, e nem precisam de disfarçar nas reacções (vai lá tudo ao mesmo, pá!).

1 comentário:

Mike disse...

Faltou só referir os sorrisos nervosos que os gajos fazem quando ainda não decidiram se voltam a cara para a namorada não ficar com ciúmes, ou se fitam o corpo e quem sabe ainda mais arriscado, os olhos da moçoila bamboleante!