terça-feira, agosto 22, 2006

Little differences

Foi Vicent Vega (John Travolta) quem o mencionou, no regresso a casa. Quando se vai viver noutro país, o que nos chama a atenção são as pequenas diferenças que distinguem uma e outra cultura (excepto se formos viver para países onde tudo é diferente, tipo Mongólia).



Vicent Vega e Jules Winnfield


Segundo ele, as coisas são basicamente semelhantes em todo o lado, mas há pequenas diferenças que se tornam evidentes ao princípio (e que gradualmente se vão desvanecendo aos nossos olhos).

Quando estive na Holanda, até comecei a fazer uma lista delas: as bombas de gasolina, as sanitas, o sentido em que o Metro anda...

Tem lógica que, ao regressar, efectue o mesmo processo mental por estas bandas. E parece-me ridículo redescobrir os hábitos e costumes da minha terra, mas é como me vou sentido diariamente. Vou observando as alterações destes 7 meses, à espera de conseguir viver com isso. Mas tem sido complicado.

A começar, o meu bairro foi invadido por brasileiros. O que não é de admirar, visto que os chineses e africanos já por cá andavam (faltava só mesmo alguém do continente Americano). Todo o dia há festança na rua - música e forró. Para culminar, instalaram-se também no prédio onde vivo, o que também não era totalmente inesperado, analisando o historial do meu prédio com minorias.

Depois, ao comer um Bollycao, eis que me aparece uma tatuagem do Ruca (???) dos DZRT.


Então este gajo não era o Edmundo, o mesmo dos Commodores?


Tatuagem essa que daria muito jeito no desfile Gay a que fui em Amsterdão, caso jogasse na "outra equipa". Na Holanda não há Panrico, mas há os Appelflappen, que são uns folhadinhos de maçã com passas (echt heerlijk!!). Também há bombocas. E gajas.

E já que estamos numa de matarruanices, a Televisão Nacional. Felizmente tenho acesso aos canais Fox e SportTv, porque senão era uma tristeza. Bem sei que é Agosto, mas os programas que passam na "nossa" televisão são muito muito maus.


Ficção... ya!


A ficção nacional devia parar imediatamente (salvo raras excepções "fedorentas"), e dar espaço a outro tipo de programação até se aperceberem do nível de qualidade do que estão a fazer. Não é a óbvia substituição por telenovelas brasileiras que irá alterar essa qualidade televisiva. E qualidade é a palavra chave, pois há coisas que eu não gosto, mas admito que possam ter qualidade. As séries do Moita Flores, por exemplo. Tirando o Ballet Rose (e só algumas cenas em particular), não vi mais nenhuma, mas sei que o homem faz coisas com algum nível.

Mas isto não é o caso da generalidade dos canais televisivos portugueses. É gritante a falta de imaginação. A SIC passa 3x por dia a mesma novela (!!), que é apenas uma das seis (!!!!) novelas diárias neste canal, não vá alguém tê-la perdido ao pequeno-almoço e ao lanche (pergunta: se alguém não a viu nestes horários, não haverá uma forte probabilidade de não a querer ver, seja qual for a hora a que passe?). A TVI faz exactamente o mesmo.

A programação nacional para as manhãs e tardes portuguesas é o corolário desta deficiência imaginativa, visto que os mesmos convidados "rodam" todos os programas nos vários canais, deixando de haver qualquer tipo de novidade quando aparecem todos catitas e sorridentes para cantar "Rapa o tacho, Maria, rapa o tacho", ou quando explicam como abrir um canal chakra nos 7 pontos vitais do meu organismo. A política programacional segue-se pela doutrina "se não tens nada de jeito para dizer, di-lo frequentemente". Tretas.

E assim viramo-nos para os canais Cabo (ou para alguns programas da RTP2), nomeadamente os que já referi, acrescentando também a SIC Notícias, o AXN, o Mezzo e o Canal Infinito (por razões óbvias).

E depois destas observações, destas "little differences", vejo que a resposta é trabalhar arduamente, ou ir para a praia. Não vale a pena pensar muito mais tempo neste assunto. A resposta reside numa destas duas opções. Ou talvez conciliá-las. Hmmm... eu venho já!

Sem comentários: