Prelúdio:
Uma das cenas mais carismáticas do filme "Virgem aos 40 anos" ocorre quando o personagem principal (Andy Stitzer) se encontra num salão de beleza asiático. Digamos apenas que, para quem não viu o filme, é uma cena que envolve a remoção rápida e indolor (para a esteticista) de alguma pelugem dos peitorais do actor Steve Carell.
Póslúdio:
Após duas semanas com uma ligadura funcional no pé, eis chegado o momento de a trocar por outra no hospital. A enfermeira esperava-me, com um ligeiro sorriso nos lábios. "Normalmente os pacientes removem as ligaduras em casa", disse-me ela. "Waroom?", perguntei eu (que é como quem diz "O que é que você quer dizer com isso, sua matrona de 2 metros?"). Tinhas que perguntar, não era Carlos?!!
A ligadura continha uma boa porção de fita adesiva, por isso, sem apelo nem agravo, e no espaço de 10 segundos, perdi 2 quilos em pêlo. É uma sensação dolorosa a princípio, que eventualmente acaba por perdurar. Os meus olhos, imersos em lágrimas, ainda conseguiram visualizar o meu pézinho vermelho, totalmente a nu, bem como metade da densa pelagem da perna. De seguida, a enfermeira muniu-se de uma lâmina de bisturi, e aqui eu pensei que finalmente iria demonstrar um pouco de misericórdia, e acabar com o meu sofrimento. Mas não!, usou-a para rapar, a sêco, os poucos pêlos que restavam. E enquanto eu continha, com os meus frágeis lábios, palavras de apreço ("Cabra", "Vou-te às trombas"...), eis que chega mais uma novidade: álcool etílico. Sim!, o sofrimento não tem limites. Borrifando a minha perna depilada (e agora também rapada) com esse desinfectante poderoso, a lembrança da dor que tive quando parti o tornozelo já não me pareceu tão dolorosa. Finalmente, colocou uma nova ligadura, a ser removida daqui a duas semanas.
Conclúdio:
Há coisas que só se devem fazer em casa, como remover ligaduras funcionais. Houve, no entanto, um pequeno prazer neste episódio: assim que removeu as ligaduras, a enfermeira teve que gramar, in loco, com o cheiro de um pé que não foi lavado durante duas semanas (houve moscas a morrer em Amsterdão). Cada um tem o que merece!
2 comentários:
Isso explica o porquê de algumas moscas com sotaque holandês terem chegado ao pé de mim um pouco moles.
Confirmo também a presença de algumas moscas holandesas em Alverca
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