quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Segue, segue, segue...

Roterdão, 01 de Fevereiro de 2006
easynet Cyber café, 18:02


Por 4 vezes dei por mim a vivenciar um sketch dos Gato Fedorento aqui em Roterdão. Em particular, aquele em que o Ricardo Araújo Pereira diz "Segue, segue, segue...". Isto porque já não me é estranho dar por mim perdido nas ruas desta cidade. Simplesmente sigo, sigo, sigo, e só me apercebo que estou perdido quando o dia escurece e estou num bairro daqueles que só aparecem nos filmes de porrada.
  • Estarei preparado para acordar numa banheira com gelo e uma cicatriz na barriga?
  • Terei vocação para aliviar os intestinos com o intuito de fazer passar 10 sacos de cocaína pela fronteira?
  • Será esta a melhor altura para trabalhar num varão metálico e mudar o nome para Marlene?

Não me parece. Por isso tento fug... sair de onde estou o mais rapidamente possível. Mas para que tal aconteça, preciso de convencer as pernas a mexerem após tão fatigante dia, e tenho que tirar as mãos dos bolsos (para, entre outras coisas, desembrulhar o mapa a fim de saber para onde vou - foi aliás esta a razão que me levou a estar no sítio onde me encontro). E estas duas beldades articuladas não precisam de ser permanentemente fustigadas pelo frio. Então pergunto a alguém. Ninguém entende o portuga. Tá-se mal. Eventualmente, algumas horas depois, lá chego ao destino desejado (se não tiver sido vendido no mercado de carne branca, ou se tiver evitado um negão a arfar-me na nuca).
Nestas andanças pela urbe roterdonense, dá para perceber algumas diferenças entre o povo português e o povo dos Países Baixos. O que salta logo à vista são as mulheres (bem... na verdade são outras coisas que saltam). Calmeironas, e loiras (por enquanto, ainda não besuntadas, mas o dia em que o criador deste Blog for autor de uma foto com uma Grande Calmeirona Besuntada, será o dia em que o Blog terá cumprido a sua missão). Nem todas são assim, mas grande parte delas entra na categoria de AVIÃO. Não desfazendo, a mulher portuguesa também tem as suas qualidades (nomeadamente, menos pelagem... e daí talvez não). Mas não se trata de uma questão de beleza, porque os padrões variam de terra para terra. Tentarei explicar melhor o meu ponto de vista desta forma: em Portugal, quando um AVIÃO entra, por exemplo, no Metro (teria que ser um avião pequenino... ahahahaha!, não tens piada nenhuma, pá!), é impossível passar despercebido. Os homens (e também as mulheres) não conseguem desviar o olhar. É algo de novo e diferente (e já agora, porque não dizer também, aprazível à vista). Aqui, ninguém olha (excepto o pelintra que vos escreve este texto), porque 1° não é nada de especial, e 2° ficamos rapidamente tontos por termos que olhar em todas as direcções. Mas pelo que me dá a entender, é gente que se compromete muito cedo. Numa casa que fui ver para alugar um quarto, viviam 4 raparigas e um rapaz, entre os 19-23 anos: duas delas casadas, todos os restantes estavam noivos/comprometidos. Por isso, conselho de amigo: para catrapiscar uma holandesa, tens que a apanhar ainda "verde" (e por "verde", entenda-se "novinha", e não "podre").
Os holandeses não dão importância ao que nós portugueses chamamos de "pudor". 2 exemplos: no dia em que cheguei a Roterdão, fiquei hospedado numa pousada da juventude (Stayokay, na Rochussenstraat). Quando fui para a sala de convívio, dei de caras com um AVIÃO de cócoras, e pelo que pude ver, em bom estado de saúde. Acham que o AirBus se importou por eu estar ali a confirmar se o fio dental tinha sido fabricado em Taiwan? Naaaa... Nessa mesma noite assisti a uma senhora (já na casa dos 50 – porque razão a deixaram estar na Pousada da Juventude?) arrastando-se para o quarto, usando roupa interior. Mais uma vez, tudo nas calmas (excepto para mim, que tive de me deitar com essa imagem na cabeça). Refiro-vos outro exemplo que se passou nesta 3ª feira. As casas deles têm mega-janelas que dão para a rua (tal como as vitrines das lojas), e dá para se ver o que se passa dentro de casa enquanto andamos no passeio. Numa rua em particular (na zona onde moro), numa das casas por onde passei, estavam mãe e filha de cuecas, e a filha coçava o rabo contra a janela enquanto falava ao telefone. Alguns metros mais à frente, um homem assistia televisão em cuecas, com as mãos dentro delas (as duas!). E meus amigos, deixem-me que vos diga que, este espectáculo todo, é inteiramente grátis.

Outros pormenores diferenciam os 2 povos, mas é uma lista que está em permanente actualização. Por ora só vos posso dizer que todos os dias descubro algo novo, e que a cada dia que passa me sinto melhor adaptado a este povo. Mais cedo ou mais tarde as próximas palavras que ouvirão sair desta boca serão

"Desculpe menina, não sou destas bandas. Poderia indicar-me o caminho mais rápido para a sua casa?" (em neerlandês, naturelijk!).

1 comentário:

Mike disse...

Charlie! Para essas loiraças de fio dental e provavel tatuagem na zona do lombo, o tuga é visto como um tipo exótico, moreno e que vale a pena "experimentar". Ora lá por lhes dares pelos joelhos, não deixas de ser um tuga moreno com grandes possibilidades de levar um desses aviões para casa, de preferência a dela para não haver chatices. Lembra-te só de fechares as cortinas da janela, ou então não se te sentires numa de exibir ao mundo o teu feito...