quinta-feira, dezembro 29, 2005

The Metropolitan in Lisbon (versão turística)

Aqui há Metro!

Andar sozinho de Metro, todos os dias, leva a que se adquiram certos automatismos, e também, a pouco e pouco, que se descubram pormenores que passam despercebidos à maioria dos viajantes ocasionais.
O Metropolitano de Lisboa não fica atrás dos Metropolitanos de outras capitais europeias. Também não fica à frente, mas isso é outro assunto.
As carruagens são asseadas (na sua maioria), as máquinas de venda de bilhetes são intelectualmente acessíveis, as próprias estações (pelo menos as mais recentes) até são bonitas. Mas ainda há muito por fazer (pelo menos até que as obras do túnel do Marquês, ou a água que circunda o Terreiro do Paço, destruam o Metro por completo).
A crítica, por si só, é um processo incompleto, ou seja, não sendo constructiva, falhando na apresentação de soluções, não constitui intenção de mudar o que se propõe a criticar. Em suma, criticar por criticar não ajuda nada, mas que tem a sua piada, tem (pois com certeza)! É nesse espírito de bota-abaixo que encaro, por exemplo, a política (porque por mais críticas que se façam, os políticos que estão no poder irão sempre fazer o que mais lhes interessar) e neste caso em concreto, o Metropolitano de Lisboa. Assim sendo, aqui vão as coisas que mais me aborrecem (aborrecer é um eufemismo) no Metro:
  • os ciganos/romenos/lestinos que se põem a tocar acordeão/flauta/violino em altos berros (auxiliados pelos seus amplificadores) logo às 8 da manhã;
  • haver ratos a circular nas linhas da estação do Campo Grande, Alvalade e Areeiro (já desisti de verificar nas outras, embora desconfie que no Intendente os ratos andam com facas);
  • o facto de não faltarem sinais de "proibido fumar" nas estações, embora isso não impeça as pessoas de fumar (há quem julga que a proibição é só no interior das carruagens);
  • os homens das barraquinhas de venda de passes/títulos que se põem a falar ao telefone com a namorada/o, ou então deixam um cartão a dizer "volto já" (durante 2 horas);
  • os indivíduos que ficam ao pé das máquinas que vendem bilhetes, abordando as pessoas para lhes pedirem 10 cêntimos (que é o que lhes falta para comprarem um bilhete), durante o dia todo;
  • o tempo que se espera pelo Metro, sem que haja qualquer indicação ou desculpa para o facto; porque não fazer como noutros países (aqui vai o primeiro passo para a tal crítica constructiva - uiii... até me arrepiei só de pensar que posso contribuir para o melhoramento de qualquer coisa), e colocar uns indicadores electrónicos que mostrassem o tempo que falta até o próximo comboio? Ou então avisar as pessoas que houve alguém que se mandou para a linha, e que ainda irá demorar uns bons 20 minutos para solucionar, com o auxílio de uma espátula, esse problema?
  • o cheiro e o vernáculo do ceguinho que agradece muito o favor de o auxiliarem;
  • as pessoas que deitam lixo para a linha;
  • a ideia que os bilhetes de Metro em Portugal são extremamente baratos comparativamente ao resto da Europa, e como tal os preços deveriam estar ao mesmo nível;
  • as lamúrias, em alta voz, das crianças ciganas/romenas/moldavas/lestinas para conseguirem uma moedinha;
  • o estado a que chegaram algumas estações (nomeadamente as da linha azul, e boa parte das da linha verde), que em muito se assemelham a meios de cultura microbiológicos, perto dos placards de publicidade;
  • o senhor só com um olho que, ao pedir esmola, ainda não aprendeu que a palavra não é "auxiriliar", na frase "Tenham a bondade de me auxiriliar...";
  • o líquido alaranjado que escorre do tecto e parede da estação Baixa-Chiado;
  • a inexistência de elevadores e/ou rampas em todas as estações (porque as pessoas que andam de muletas ou cadeiras de rodas também deveriam poder ter acesso a essa coisa formidável que é o Metro!);
  • as pessoas que não se levantam (estando ou não naqueles lugares reservados a grávidas, acompanhantes de crianças ao colo ou aos fisicamente incapacitados) pela chegada de alguém que tem claras dificuldades em manter-se em pé (idosos, leprosos, bêbados);
  • a ideia que também deveria haver rede telefónica debaixo de terra (eu sei que esta ideia é conflituosa, mas felizmente o Metro é um dos poucos sítios onde ainda nos podemos escapar aos toques/conversas irritantes nos telemóveis);
  • as pessoas que, pelo seu elevado altruísmo, espirram ou tossem sem colocar a mão à frente das respectivas bocas;
  • and so on, and so on, and so on...

Muitas destas críticas poderiam ser facilmente resolvidas, se houvesse um serviço especial que me fosse buscar a casa e me transportasse onde eu bem entendesse, pelo mesmo preço de um bilhete de Metro. No entanto, o espírito nacional é demasiadamente comodista (ehem...) para alterar o que quer que seja. Enquanto tal não ocorrer, terei sempre que recorrer a estas mesmas críticas para que o Mundo saiba o que se passa.

Principalmente o Mundo que não possui Metro.

6 comentários:

Maria do Rosário Sousa Fardilha disse...

Havemos de nos modernizar... de preferência antes de o Metro produzir uma nova profissão (já conhecida em Tóquio e Hong Kong) que é o empurrador de passageiros para dentro das carruagens.

Maria do Rosário Sousa Fardilha disse...

Bom Ano!!!

gAnDaMaLuKo disse...

Obrigado, e tal...

Anónimo disse...

Só não concordo com a tua versão dos telemóveis. De resto...
Feliz 2006, e felizes viagens no metro!!!1

Anónimo disse...

ultima hora: ratos tb na Avenida!
bejooooo

a rena doida

Anónimo disse...

ultima hora: ratos tb na Avenida!
bejooooo

a rena doida