segunda-feira, março 21, 2005

SECÇÃO: REVISTA DE IMPRENSA

Mais uma prova que sei ler (e esta vai para todos os que desconfiaram de mim - e eu sei que vocês sabem que eu sei quem vocês são!!).

Este post é sobre um título do Correio da Manhã. E vocês sabem o que o povo diz: "homem com mente sã, não lê o Correio da Manhã". Este é um dito que está bem enraizado na cultura popular, só sendo comparado ao também famoso "pior que arrancar um dente, é ler o Independente".

Eu - infelizmente - saio de casa cedo (e por cedo entenda-se todo o espaço temporal prévio ao meio-dia). Quando se sai a estas horas, tenta-se sair informado, que é para não darmos uma de ignorante quando nos perguntarem a taxa de juro sobre o empréstimo com fins imobiliários no Saigão. A alternativa a esta hipótese, é sair atrasado, e ver as notícias no conforto do nosso sofá.

Na minha opinião, quando se sai para o trabalho, é para se sair atrasado. Chegar a horas ao trabalho, é sinal que se está ansioso para fazer alguma coisa, que invariavelmente vai ser feita mais tarde. Pode também ser uma indicação de que se está melhor no emprego do que em casa, e aí temos uma infinidade de opções, que para este caso, interessam pouco (voltaremos talvez mais tarde a esta questão).

O meu relógio biológico já me obriga a levantar cedo. Logicamente, opto por ficar em casa a matar tempo (assistindo, por exemplo, ao stand up no Canal Parlamento) e acabo por sair sempre atrasado. Por consequência (e quando há pessoas a observar o que eu faço), finjo que corro para o trabalho, e só sou detido pelas barraquinhas que vendem jornais.

Eu sou uma daquelas pessoas irritantes que fica a ler as parangonas dos jornais, no meio da calçada, e não deixa passar ninguém. Foi o que se passou na semana passada, onde tive a oportunidade de ler um título no Correio da Manhã que dizia :
ESCOLA OBRIGATÓRIA ATÉ AOS 18 ANOS

Estas palavras conjugadas numa frase trazem-me à memória o Zé Tolas.

Na Escola Preparatória, aluno da 3ª classe, lembro-me que nas competições desportivas inter-turmas, a minha turma dependia de mim para obter bons resultados nas corridas de velocidade. Eu sempre fui um bom corredor, e até acho que há uma certa lógica nisso, porque na minha filosofia, os homens (machos) ou não se desenvolvem fisicamente (caso típico, os marrões), ou então desenvolvem-se fisicamente numa de duas maneiras: aprimorando as suas características herculeanas (e depois, quando nos queremos referir a este tipo de indivíduos, dizemos "aquela besta que parece um armário"); ou desenvolvendo as suas capacidades de fuga (especificamente, as suas capacidades de fuga ao primeiro tipo de indivíduos).
Continuando com a rábula...

Até então, eu era rápido. Mas na 3ª classe conheci o Zé Tolas, aluno de uma outra turma. O Zé estava na 3ª classe há coisa de 6-7 anos. Quando, na finalíssima, o encontrei na pista ao lado, vi que não havia grandes hipóteses de trazer para casa a taça. Foi um segundo lugar honroso.

Com esta nova proposta do Governo, o Zé (que por sinal tinha 16 anos na altura), só tinha que fazer mais 2 anos de corridas, e assim arranjar finalmente tempo para organizar os troféus no armário lá de casa.

Achei que era uma notícia que merecia a minha atenção. Como já ia atrasado (e o atraso não se mede - ou se está atrasado, ou não se está atrasado), resolvi puxar da carteira e comprar o Jornal. Dei 2 Euros ao homem, e enquanto me ia embora, avisou-me assim o Zé Tolas: "Não se esqueça do troco, senhor!!"

5 comentários:

sara disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
sara disse...

Não precisavas de apagar o post. No fundo, compreendo os teus instintos narcisistas. Podes linkar-te a ti próprio à vontade que de bom grado ando às voltas só para te ler.

Anónimo disse...

olha lá, mas afinal quem é o zé tolas!!!!!?

sara disse...

Mais uma visita aqui à chafarica sem uma única linha escrita depois de "não se esqueça do troco, senhor", e desisto - não venho mais, não te leio mais, não te ouço mais e não te quero ver à frente!

sara disse...

Confesso: já vim duas vezes depois do ultimato. Ainda gostas de mim?