quinta-feira, outubro 20, 2005

Já só faltam (ora deixa cá ver... um.. dois... er..) 66 dias pró Natal!

Passeando pelas ruas de Lisboa (e mais concretamente pela Rua Nova do Almada, no Chiado), há sempre a forte probabilidade de presenciar um acontecimento digno de ser contado. Hoje não foi um desses dias. Mas enfim, entre homossexuais aos beijos, e pombos com pontaria afinada (descobri hoje que há pombos com forte tendência homofóbica, e talvez seja por isso que a partir de agora já não os coloco ao mesmo nível que os ciganos), eis que descubro que a Warehouse (uma lojita de esquina) colocou à venda decorações de Natal, entre elas pinheiros artificiais, centros de mesa, e bolas.. muuuitas bolas para todos os gostos e feitios (não vá a amnésia atacar, e levar as pessoas a esquecerem-se que já é 20 de Outubro).
Entrei na loja. Demonstrei interesse pelos artigos que lá figuravam, cheguei mesmo a perguntar o preço de um objecto de metal (talvez um candelabro, talvez um pisa-papéis-de-embrulho), como se alguma vez o fosse comprar. A senhora disse-me amavelmente que era uma oportunidade única comprar agora, pois os descontos de 50% só iriam ser válidos até meados de Novembro. A partir daí, julgo eu, começam a fazer descontos nas serpentinas e bombinhas de mau cheiro.
Retorqui eu, também num tom suave, que ela era doida, que fosse chular o raio-que-a-parta, e (enquanto saía pela porta fora) que nem vivo me apanhava ali outra vez. Senti orgulho na dignidade da minha atitude, e na rectidão moral com que a apresentei ao mesmo tempo que voltava a entrar na loja porque lá tinha deixado dentro o chapéu de chuva. Reconheci em mim o verdadeiro espírito natalício que teima em não emergir na maioria das pessoas a 20 de Outubro.
Sorri, desejei um Bom Natal ao homossexual abençoado pelo pombo, e segui caminho.

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